domingo, 10 de agosto de 2014
O Sonho
Um dia, resolvi. Ia vê-la. A distância pouco me importava, sentia que era capaz de quebrar todas as barreiras. Sabia que meu vizinho viajava sempre para São Paulo - Capital. Juntei um pouco de dinheiro, combinei com ele e peguei uma carona. Depois de algum tempo, contei tudo e perguntei se ele sabia como eu poderia chegar até Minas Gerais.
Ele respondeu, sorridente: "Puxa, você deu sorte! Conheço um cara que vai toda semana pra lá, e por acaso, hoje é o dia dele ir. Deve sair lá pras 10h, com certeza chegamos lá antes disso". Fiquei extremamente satisfeito e, ao chegarmos na casa do sujeito, ele foi compreensivo e aceitou me dar uma carona. Ah, que sorte!
Depois de longas horas de viagem (e de ansiedade, é claro), parando duas vezes para comer, chegamos à cidade. Perguntei ao homem que me deu carona se ele sabia onde ficava o bairro dela. Ele disse que não, e então eu pedi para ele me deixar em algum ponto que tivesse taxistas, pois estes com certeza saberiam informar. Acertei! Que sorte!
Perguntei a um senhor, devia ter uns 60 anos mais ou menos, onde ficava o tal bairro e ele me respondeu. Me viu indo embora, a pé, e gritou: "Ei! onde pensa que vai? Esse bairro é longe daqui, é quase impossível chegar lá, indo a pé."; eu respondi: "ah, o meu coração é capaz de me levar, meu corpo nem vai sentir, por ela eu faço tudo!". Por um momento, ele me pareceu surpreso e logo após, pensei que ia caçoar, mas ele sorriu bondosamente e disse: "De jeito nenhum! Faço questão de te dar uma carona. Essa corrida vai ficar por minha conta... ou melhor, por conta do amor.". Ahhhh, mas que dia, mas que sorte!
Chegamos lá! Era a rua dela... corri para o porteiro, perguntando desesperado se ele sabia em que apartamento ela morava. Ele disse que sim, e eu pedi para que ele avisasse que havia uma visita. Ele aceitou e depois de alguns minutos que pareceram horas, ela apareceu sorrindo. No momento em que me viu, seu sorriso deu lugar a uma expressão de espanto. Ela exclamou:
"Você não pode ser quem eu penso que é!"
Eu respondi, simplesmente, com um poema antigo - que havia feito para ela. Seu espanto desapareceu, dando lugar novamente ao sorriso, que desta vez se abriu com maior felicidade... ela correu e me abraçou. E, quando me abraçou, meu coração apertou, meu sorriso afundou, meu sonho acabou.
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